tag:blogger.com,1999:blog-78472562447098410002024-03-12T23:25:12.370+00:00do alto da minha gáveajosé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.comBlogger152125tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-81354463445712074302022-06-20T21:48:00.002+01:002022-06-20T21:51:33.649+01:00a falta de médicos especialistas no SNSé incrível a falta de médicos especialistas nos hospitais, médicos que devem a sua especialidade aos Orçamentos de Estado.
o Estado gasta o dinheiro e não tem qualquer retorno porque os médicos assim que se acham com a especialidade na mão vão-se embora para a privada ou para o estrangeiro.
ora, enquanto as especialidades forem concedidas e suportadas pelo Estado, é urgentíssimo que aos médicos seja exigido um tempo de serviço no Serviço Nacional de Saúde não inferior aos anos do respetivo treino de especialidade.
ou então liberalize-se a obtenção da especialidade em serviços privados idóneos e os candidatos que paguem a despesa.
assim como está é o Estado que perde duas vezes. e sem resultado nenhum.
bom, mas é claro que os recém especialistas deverão poder sair quando e para onde lhes apetecer, mas, em minha opinião, deveriam primeiro ter de compensar o SNS com a respetiva indemnização pelo esforço financeiro da sua formação.
a alternativa é o SNS desaparecer do mapa.josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-74540042355482378462021-04-15T19:02:00.002+00:002021-04-15T19:02:17.954+00:00a Coelimaa Coelima (de Albano Coelho Lima), em Pevidém, São Jorge de Selho, Guimarães, era, na minha juventude, o exemplo da indústria mais moderna e da administração mais favorável aos trabalhadores, na base da doutrina política da Democracia Cristã.
os trabalhadores da Coelima, pelos seus privilégios, faziam inveja a todos os outros trabalhadores, funcionários públicos incluídos. era a maior empresa têxtil do país e, há quem diga, do mundo.
a pouco mais de um quilómetro de minha casa, era a realização dos sonhos dos proletários, rapidamente impelidos para a classe média, com direto a comprar carro e tudo.
tinham, além do mais, acesso a um hipermercado próprio, com preços muito abaixo dos preços de mercado da época. olhavam com superioridade e desdém as outras classes, incluindo as classes até aí “superiores” à sua.
mais tarde, a Coelima dava-se ao luxo de ter uma equipa própria de ciclismo.
ruiu, escangalhou-se.
nada dura para sempre.
(outras Coelimas virão).josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-50275760699838595062021-04-11T19:15:00.005+00:002021-04-11T19:15:55.593+00:00a "petição"corre por aí uma pwtição imunda, que me faz ter vergonha de ser português. nunca batemos tão no fundo.
petição contra o juiz? já só faltava esta.
ou é a morte das "petições" ou estamos tramados.
se a justiça é isto, se a justiça é o julgamento antes do julgamento, não é preciso justiça pra nada.
que acabe de vez esta doença das petições. urgente.josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-20897037031903422202021-04-11T19:03:00.002+00:002021-04-11T19:03:30.551+00:00o julgamento do futuroospopulistas não entenderam uma coisa básica: pela via da corrupção não se vai a lado nenhum, é terreno pantanoso e inconclusivo. ponto.
é a questão dos grandes padrinhos da Máfia americana, em que nunca é possível provar nada, servindo-se as autoridades judiciais de crimes menores, onde são apanhados os padrinhos, para os levar à cadeia.
foi o que fez o juiz Dr. Ivo Rosa.
fez o que lhe era possível fazer, indiciar os arguidos do chamado "Caso Marquês" por crimes secundários.
falta o julgamento. se o juizo for de culpa, os arguidos vão para a cadeia. e não vão poucos anos.
mas se o juiz alinhasse no terreno pantanoso da "corrupção", as chances dos arguidos escaparem à justiça era imensamente maior.
grande juiz. que ainda se dá ao luxo de chamar corruptos aos arguidos. com todas as letras.josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-22059670759048152982019-10-05T14:11:00.000+01:002019-10-09T21:21:40.174+01:00Itaguaí<style>
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</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Itaguaí,
que na língua dos índios tupi-guarani significa “baía das pedras barrentas”, é
uma cidade do Estado do Rio de Janeiro, situada a cerca de 70 quilómetros da
capital estadual.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">não
sei se é a mesma Itaguaí de que nos fala Machado de Assis, no seu livro “O
Alienista”, mas pode bem ser, pois que o autor faz a esposa da principal
personagem viajar ida e volta ao Rio de Janeiro numa viagem de alguns dias, em
pleno séc. XIX.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">seja
como for, toda a trama da pequena novela se passa na cidade de Itaguaí, cidadezinha arrumada onde tudo funcionava sem incidentes de maior, até lá
chegar Simão Bacamarte, alienista de profissão, ou, como diríamos hoje, médico
psiquiatra. Bacamarte
chega enfeitado com os melhores títulos da universidade de Coimbra e toda a
gente na cidade lhe reconhece o prestígio. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">entre
os mais relevantes munícipes da cidade destaca-se o boticário (ou
farmacêutico), o padre, a mulher do alienista, a mulher do boticário, os dois
barbeiros rivais, os vereadores Freitas e Galvão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 16.0pt;">Personagens principais</span></b><span style="font-size: 16.0pt;">:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">alienista
– Simão Bacamarte</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">padre
Lopes</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">boticário
– Crispim Soares</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">prefeito</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">louco
- licenciado Garcia</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">juiz
de fora</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">advogado
Salustiano</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">1º barbeiro – Porfírio ou “Canjica” – Porfírio Caetano das Neves</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">2º barbeiro – João Pina</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">albardeiro
- Mateus</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">herdeiro </span><br />
<span style="font-size: 16.0pt;">Costa</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Coelho</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">José
Borges</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Gil
Bernardes</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Couto
Leme</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">estudante
– Martim Brito</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">vereador
Sebastião Freitas</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">vereador
Galvão</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">esposa
de Simão Bacamarte – Dona Evarista</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">esposa
do Boticário – Dona Cesária</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">uma
vez empossado da licença, Simão Bacamarte logo começou a construir um casarão
com janelas verdes. como era a única casa com janelas verdes naquela cidade,
ficou logo conhecida por Casa Verde.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Simão
Bacamarte começou então a recolher pessoas que ele classificava como loucas. </span><br />
<span style="font-size: 16.0pt;">de
todas as vilas e lugares vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. ao cabo de
quatro meses, a Casa Verde era uma povoação, sendo que o Alienista ia
aumentando o tamanho das instalações. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">o problema teve início quando, depois dos vagabundos, delirantes e alucinados de
todos os lugares, Simão Bacamarte começou a recolher na Casa Verde pessoas
estimáveis e importantes da cidade, como o albardeiro Mateus, o Costa, o
Coelho, o José Borges, o Gil Bernardes, o Couto Leme, o estudante Martim Brito,
o Prefeito da cidade, acabando na própria esposa, a Dona Evarista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">a cidade revolta-se, sob a chefia do barbeiro Porfírio, também conhecido por
“Canjica”, tomando a revolta o nome de “revolta dos canjicas”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">depois
do êxito inicial, o barbeiro Porfírio Caetano das Neves torna-se o “Protetor da
Vila em nome de Sua Majestade e do Povo”. porém, a revolta é dominada e
Porfírio é internado na Casa Verde. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">nova
revolta, desta vez chefiada pelo barbeiro João Pina, acaba da mesma maneira.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">chegou-se
a um ponto em que quatro quintos da população de Itaguaí estavam instalados na
Casa Verde.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Simão
Bacamarte faz, então uma observação estatística: se há muito mais gente louca
que normal, então é porque ele tem visto o problema ao contrário, quer dizer, o
normal é ter algum desvio de pensamento ou de comportamento e o que é
patológico é só ter qualidades boas. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">dá
alta a todos os internados por “loucura”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">Itaguaí
regressa à calma anterior e tudo volta à normalidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">o alienista passa, então a internar na Casa Verde todas as pessoas de boas
qualidades, que se achassem no perfeito equilíbrio das faculdades mentais, distribuindo-as
pela sua principal caraterística. </span><br />
<span style="font-size: 16.0pt;">pelo sim pelo não, os vereadores conseguem aprovar uma cláusula
segundo a qual nenhum deles poderia ser recolhido no asilo de alienados. o
vereador Galvão reclamou dessa exceção, pois que nem todos os vereadores eram
bons da cabeça, e logo foi internado. os restantes vereadores escaparam, dado
que, para Simão Bacamarte, era óbvio que não tinham o juízo todo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">deu-se
então início ao tratamento dos novos hóspedes: os modestos, os tolerantes, os
verdadeiros, os simples, os leais, os magnânimos, os sagazes, os sinceros, e
assim por diante. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">o tratamento consistia em atacar de frente a qualidade predominante de cada
internado, tentando obter orgulho e vaidade nos modestos, por exemplo. o
resultado foi que ao fim de cinco meses e meio estavam todos curados e a Casa Verde ficou vazia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">mas
o alienista não ficou contente com o seu êxito terapêutico, antes ficou
preocupado: toda essa gente curada estaria realmente doida, ou aquilo que
pareceu cura não era mais que o perfeito desequilíbrio do cérebro? na verdade,
a cura não passava de pôr a nu um sentimento ou uma faculdade que já existiam
na pessoa, ainda que em estado latente. moral da estória: não havia loucos em
Itaguaí. Itaguaí não possuía um único cérebro concertado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">quem
teria, pois, em si mesmo, todas as caraterísticas do perfeito equilíbrio mental
e moral, a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a veracidade,
o vigor moral, a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um
rematado mentecapto?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt;">querem
mesmo saber? leiam o livrinho...</span></div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-23771493129098019662019-02-22T17:29:00.001+01:002019-10-09T15:17:38.789+01:00a violência domésticaa mulher foi para longe uns tempos, numa de cooperação internacional.
soube-se, depois, que não fez cooperação sozinha, levou o amante com ela. <br />
enquanto isso, o
pai ficou em casa com os filhos. <br />
quando a mulher regressou da sua epopeia, pediu o divórcio. <br />
a senhora queria ficar com os filhos, mas os filhos não queriam ir com ela.<br />
um belo dia, estava ela a querer enfiar os miúdos no carro à força. <br />
mas eles não queriam ir. <span class="text_exposed_show"><br /> pediu a quem estava a ver que chamasse a polícia, porque, dizia ela em altos gritos, o pai não deixava os filhos ir com ela. <br /> ninguém lhe ligou. o pai nem sequer estava ali.<br /> e assim se entende um caso flagrantíssimo de violência doméstica.</span>josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-74777092876332705442019-02-21T10:44:00.002+01:002019-02-21T11:15:46.424+01:00o "julgamento"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-UDmUvKu9aAc/XG56Ey--O2I/AAAAAAAADCE/soBhImOFyxs81OC1yqRwO4r9L312vNFOwCLcBGAs/s1600/hqdefault_live.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="94" data-original-width="168" src="https://2.bp.blogspot.com/-UDmUvKu9aAc/XG56Ey--O2I/AAAAAAAADCE/soBhImOFyxs81OC1yqRwO4r9L312vNFOwCLcBGAs/s1600/hqdefault_live.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
decorre em Madrid o "julgamento" dos presos políticos catalães.</div>
<div style="text-align: justify;">
invejo a serenidade e a elevação com que os políticos catalães respondem a quem os interpela.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas sempre digo que os presos políticos catalães deveriam falar em catalão e nunca em
castelhano.</div>
<div style="text-align: justify;">
o que provocaria uma de duas coisas: ou inviabilizavam o
julgamento, por ninguém reconhecer a língua do outro, ou obrigariam o
tribunal a servir-se de tradutores. e ficava claro que uma nação estava a
julgar a outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
assim, de algum modo, e talvez inadvertidamente, os presos políticos catalães estão a reconhecer a soberania espanhola.</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-73088010784408449922019-02-21T09:43:00.001+01:002019-02-21T09:56:44.216+01:00o abuso sexual<br />
<div style="text-align: justify;">
há cerca de 80 anos, andava ele no seminário, já com as primeiras ordenações. era subdiácono. </div>
<div style="text-align: justify;">
parece que tinha uma namorada. pelo menos era o que ela pensava e mais queria. </div>
<div style="text-align: justify;">
mas a coisa não atava nem desatava, prosseguindo ele, garbosamente, a
sua carreira de seminarista, a caminho de padre completo. </div>
<div style="text-align: justify;">
já
naquela altura, a moça, atenta aos clichés do futuro, não esteve com
meias medidas: escreveu ao bispo. que era um caso de abuso sexual, etc. e
tal.<span class="text_exposed_show"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show"> ele foi expulso do seminário e perdeu-se um padre. e um namorado dela também.</span><br />
<span class="text_exposed_show">e ainda bem... </span></div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-68428158966945980652016-02-03T23:33:00.001+00:002016-02-03T23:34:41.022+00:00uma questão de sorte<div style="text-align: justify;">
desta vez, o "Reliquias Farmacêuticas" levou-me para uma terra distante no tempo, terra onde eu era um rapazito novo.</div>
<div style="text-align: justify;">
certo dia cresceu-me um cravo no queixo. fui ao barbeiro para cortar o cabelo. o hominho mirou-me o queixo e disse: eu tiro-lhe esse cravo, se quiser. está bem, se acha que sim - respondi-lhe.</div>
<div style="text-align: justify;">
passou a navalha, pôs a "pedra" por cima da ferida e zás, adeus cravo.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas sei de um rapaz da minha escola que não teve tanta sorte. arranjou um abcesso num calcanhar, coisa fácil de arranjar naquele tempo, no qual se encontrava um prego, um arame, um espinho, uma pedra com muita facilidade, mas em que era muito mais difícil encontrar medidas de higiene próprias antes ou depois de as coisas acontecerem. também lhe coube em sorte um barbeiro. só que o cavalheiro lhe cortou o abcesso e o tendão de Aquiles.</div>
<div style="text-align: justify;">
e o pobre do rapaz ficou manco e bem manco para toda a vida. e nessa época não havia queixas de negligência nem de má prática. era assim e pronto. uma questão de sorte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-nkiyUZUqV8M/VrKOKRGI3yI/AAAAAAAACdc/XSrL3VqbSA8/s1600/483f1feb-eb1a-4b7c-830c-5b0a454cd3c6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-nkiyUZUqV8M/VrKOKRGI3yI/AAAAAAAACdc/XSrL3VqbSA8/s320/483f1feb-eb1a-4b7c-830c-5b0a454cd3c6.jpg" width="240" /></a></div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-5166183018516480022015-10-03T00:06:00.000+01:002019-10-06T10:40:18.505+01:00período de reflexãotenho 24 horas para refletir. mas não me ocorre nada sobre que refletir.<br />
costuma acontecer sempre que sou obrigado a refletir. acabo por não refletir coisa nenhuma.<br />
é que, primeiro, eu não sou nenhum espelho. e depois, se eu refletisse a sério, as pessoas viam as minhas coisas com a direita para a esquerda e com a esquerda para a direita.<br />
como acontece em todos os reflexos.<br />
e eu não estou para isso.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-nZ2j-5yNjWA/Vg8Nztt7IFI/AAAAAAAACZI/YFGTeo9kA4A/s1600/images%2B%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-nZ2j-5yNjWA/Vg8Nztt7IFI/AAAAAAAACZI/YFGTeo9kA4A/s1600/images%2B%25281%2529.jpg" /></a></div>
<br />josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-50117743681905782652015-06-13T20:56:00.000+01:002015-06-15T15:20:45.404+00:00santo antónioó meu rico Santo António,<br />
que te haviam de arranjar,<br />
a fama de casamenteiro<br />
sem teres noiva pra casar.<br />
<br />
ao que eu sei levas ao colo<br />
um menino rechonchudo.<br />
não sei quem é a mãe dele<br />
nem se és o pai do miúdo.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ppjYC-RlXu0/VXyK04N40GI/AAAAAAAACS0/CfayjLCmAr0/s1600/93595149.iWUfys8s.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-ppjYC-RlXu0/VXyK04N40GI/AAAAAAAACS0/CfayjLCmAr0/s1600/93595149.iWUfys8s.jpg" /></a></div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-16929393036134742532015-06-11T09:34:00.001+01:002015-06-11T09:34:14.198+01:00a construção de uma lenda<div style="text-align: justify;">
a publicação na íntegra do interrogatório de Sócrates para revisão da medida de coação é o último dos sinais da bandalheira a que chegou a Justiça em Portugal. </div>
<div style="text-align: justify;">
se é para obter a condenação por falta de provas, se é para castigar porque sim, temos justiça caseira, justiça à moda dos autos-de-fé; </div>
<div style="text-align: justify;">
se é para alimentar o sensacionalismo, temos de saber quem recolhe os lucros e porquê. </div>
<div style="text-align: justify;">
uma coisa parece certa: para fazer justiça não será. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-XOH6LxDC7BA/VXlH4hLXJ3I/AAAAAAAACSc/Z3DTaHtCicE/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-XOH6LxDC7BA/VXlH4hLXJ3I/AAAAAAAACSc/Z3DTaHtCicE/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
e o que era preciso era que não houvesse qualquer dúvida, quer em matéria de provas quer em matéria de procedimentos. que não houvesse um tratamento privilegiado de certos jornalistas em relação a outros, levando boa gente a pensar que certas notícias são obtidas em condições pessoalmente especiais. </div>
<div style="text-align: justify;">
e, acima de tudo, que não se tratasse um homem pior do que se trata todos os outros apenas por ser político e ser uma pessoa para queimar na praça pública. </div>
<div style="text-align: justify;">
posso preocupar-me. amanhã pode ser comigo ou com qualquer amigo meu. ninguém pode sentir-se a salvo com esta justiça ou lá que é. </div>
<div style="text-align: justify;">
e para dizer tudo o que me vai na alma, talvez não seja inteligente levar um homem para onde ele quer que o levem: para o terreno da lenda.</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-33980616257535758752015-06-01T01:16:00.002+01:002015-06-01T01:23:55.595+01:00bancos alimentares<br />
<div style="text-align: justify;">
o Estado leva-nos 40% ou mais do que ganhamos, supostamente para levar a cabo políticas sociais, de redistribuição da riqueza e de erradicação da pobreza. </div>
<div style="text-align: justify;">
as grandes superfícies comerciais levam o lucro do que lhes compramos, seja para nós seja para dar de esmola. e o Estado cobra o respetivo IVA. </div>
<div style="text-align: justify;">
e vejo com revolta que toda a gente continua a cair na esparrela. que os "bancos alimentares" ou lá que é, continuam estacionados nas grandes superfícies comerciais, colaborando no lucro dos hipermercados e do Estado e explorando o sentimentalismo do cidadão comum. </div>
<div style="text-align: justify;">
e, é claro, com a nossa esmola nem resolvemos a fome dos esfomeados nem tiramos os pobres da pobreza. </div>
<div style="text-align: justify;">
comida a ração que lhes toca da nossa dádiva, voltam de imediato a ter fome e continuam tão pobres como dantes. </div>
<div style="text-align: justify;">
a solução da pobreza é política, dá trabalho, pelo menos obriga-nos a votar de maneira a correr com as cabeças do sistema. </div>
<div style="text-align: justify;">
talvez não estejamos para isso.
entorpecer a consciência é o que está a dar. </div>
<div style="text-align: justify;">
damos a nossa esmolinha. não tiramos ninguém da pobreza nem da fome, damos a ganhar às grandes superfícies e ao Estado. </div>
<div style="text-align: justify;">
e assim é que está certo. somos uns trouxas.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
PS: às vezes apetece fazer como Jesus Cristo e correr à chicotada os novos vendilhões do templo...<br />
<br />
<br />
<br /></div>
</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-4181381380803114422014-11-01T22:51:00.004+00:002014-11-01T22:52:40.721+00:00requiem<div style="text-align: justify;">
"requiem" quer dizer "descanso" e consiste num cerimonial e numa música destinada aos mortos recentes, acabadinhos de morrer ou mortos há poucos dias.</div>
<div style="text-align: justify;">
vem da ideia de que morrer é descansar.</div>
<div style="text-align: justify;">
infelizmente, é um descanso muito cansativo, como estar de férias mais de três semanas seguidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
por isso, os mortos ao fim de trinta dias devem ficar fartos de tanto descanso. digo eu.</div>
<div style="text-align: justify;">
e se virmos que se trata de um descanso eterno, a coisa torna-se uma condenação, uma pena perpétua propriamente dita. um inferno.</div>
<div style="text-align: justify;">
podia haver uns intervalos de vez em quando. uma espécie de jubilação com direito a fazer uns biscates. sempre era mais animado.</div>
<div style="text-align: justify;">
deus, vê lá isso...</div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-w4pV7U7EDPU/VFVj4j_3enI/AAAAAAAACCg/3-zcZIffgSs/s1600/images%2B(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-w4pV7U7EDPU/VFVj4j_3enI/AAAAAAAACCg/3-zcZIffgSs/s1600/images%2B(1).jpg" /></a></div>
<br />josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-10914978466832070012014-10-29T22:40:00.003+00:002014-10-29T22:44:23.390+00:00Francisco e o Big Bang<div style="text-align: justify;">
o papa Francisco diz que o Big Bang não é incompatível com as teorias da criação e que estas não são incompatíveis com as teorias da evolução, que deus não é um mágico com uma varinha de condão.<br />
e eu acho que o Papa Francisco tem razão. </div>
<div style="text-align: justify;">
Big Bang e criação divina são a mesma crença por palavras diferentes. ambas acreditam que do nada se criaram todas as coisas. acho até muito interessante a discussão entre as duas correntes de pensamento, que, acreditando na mesma coisa, disputam entre si apenas por palavras. </div>
<div style="text-align: justify;">
e eu nisso sou um ignorante. nem sei se do nada se criaram todas as coisas ou se todas as coisas aparentes se criaram a partir de um tudo que não para de mexer e remexer. um tudo de onde tudo sai. um tudo que é a inteligência e o plano arquitetónico de si próprio. </div>
<div style="text-align: justify;">
se é deus ou não deus pouco me importa.
é uma questão de palavras. sei que cada uma das partes tem os seus teóricos, sacerdotes e papas. Hawking de um lado, Francisco do outro. mas muito mais perto do que se podia imaginar. </div>
<div style="text-align: justify;">
o que me admira não é <span style="text-align: start;">que Francisco diga o que diz. o que me admira é que certa ciência o não veja e se contente com uma explosão de coisa nenhuma.</span><br />
já tenho escrito sobre isto por mais que uma vez. e quanto mais escrevo e penso, mais me convenço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-qy7yEmo2gPw/VFFsmTb9xKI/AAAAAAAACBI/46r5JWCUAQw/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-qy7yEmo2gPw/VFFsmTb9xKI/AAAAAAAACBI/46r5JWCUAQw/s1600/images.jpg" /></a></div>
<br />josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-27705991025287655152014-10-16T00:05:00.002+01:002014-10-16T00:06:19.475+01:00a chuva e o sol<br />
<div style="text-align: justify;">
chove se deus a dá. </div>
<div style="text-align: justify;">
não, não vou queixar-me da chuva. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
vou dizer que ouvi-la cair me faz bem. gosto da música da chuva, adoro ver chover para lá da janela. mas isso é de dia. à noite gosto é de a ouvir. </div>
<div style="text-align: justify;">
acho que as árvores, a relva e os arbustos gostam da chuva de outra maneira, gostam de senti-la na pele, bebem-na, sorvem-na. </div>
<div style="text-align: justify;">
pouco me importa quem anda à chuva. uns andam porque gostam. outros porque são obrigados a apanhar com ela. esses são os únicos que a detestam. </div>
<div style="text-align: justify;">
por mim, gosto da chuva. até mesmo da sonoridade da palavra "chuva". </div>
<div style="text-align: justify;">
ah, é claro, também gosto do sol. mas isso é de dia. de noite não dá jeito nenhum.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-vAXLr_9THXI/VD79k3BLdQI/AAAAAAAAB_w/loKCVrTH2qY/s1600/transferir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-vAXLr_9THXI/VD79k3BLdQI/AAAAAAAAB_w/loKCVrTH2qY/s1600/transferir.jpg" height="138" width="320" /></a></div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-42649549682796180112014-10-15T23:42:00.000+01:002015-06-13T21:19:35.339+01:00sexualidade e doentes mentais<div style="text-align: justify;">
faz-me alguma confusão. uma mulher débil mental aceita um <i>rendez-vous</i> com um sujeito, tão pouco ou pouco mais dotado do que ela. </div>
<div style="text-align: justify;">
como foram vistos por um curioso sensível, o pobre sujeito leva com um processo de abuso sexual. </div>
<div style="text-align: justify;">
a mulher toma contracetivos orais para evitar engravidar em <i>rendez-vous</i> do género. </div>
<div style="text-align: justify;">
falamos dos direitos dos doentes mentais a propósito de tudo e mais alguma coisa, incluindo à vida sexual. </div>
<div style="text-align: justify;">
mas por tudo e por nada andam em bolandas com a justiça. </div>
<div style="text-align: justify;">
macacos me mordam...</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-35813395762082436722014-09-26T10:53:00.000+01:002014-09-26T10:55:46.441+01:00denúncia anónima<div style="text-align: justify;">
a denúncia anónima vem, geralmente, de alguém muito próximo, conhecedor e quiçá participante dos segredos do denunciado, alguém, que, pelas múltiplas e variantes circunstâncias da vida, se sente prejudicado, preterido ou, eventualmente, humilhado pela pessoa que denuncia. alguém que continua a tratar o denunciado como "amigo". a desculpa para o anonimato da denúncia é basicamente a mesma: o receio das retaliações. o que, é bom de ver, acaba de acontecer com a própria denúncia.</div>
<div style="text-align: justify;">
o que têm as denúncias anónimas é que nunca são inocentes nem desprovidas de alguma espécie de motivação pessoal. o que importa não é o apuramento da "verdade", seja ela o que for, o que importa é tramar o denunciado.<br />
as denúncias anónimas são por vezes abundantes em pormenores, porque o denunciante está muito por dentro da questão, e os factos denunciados têm a caraterística de parecerem muito mal, independentemente do seu enquadramento jurídico, ético ou moral.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas o que a denúncia anónima nunca deveria ter é aceitabilidade. é uma cultura que deveria ser banida de uma vez por todas. denúncia anónima deveria ir, pura e simplesmente, para o lixo. quem tenha factos para revelar, quem tenha algo a denunciar que dê a cara. sempre as coisas pareceriam mais sérias e verdadeiramente mais interessadas em banir a corrupção do que, simplesmente, em dar cabo da credibilidade e da vida pública do denunciado.</div>
<div style="text-align: justify;">
é claro que isto vem a propósito de acontecimentos recentes. mas também vem a propósito de muitos outros acontecimentos mais antigos.</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-44948601706121431352014-08-10T02:30:00.000+01:002020-01-25T19:42:01.327+01:00Hegésias de Cirene e a morte dos outros<div style="text-align: justify;">
Hegésias de Cirene achava que a felicidade é um objetivo impossível, pelo que as pessoas sensatas o melhor que têm a fazer é livrar-se da dor e do sofrimento, nada havendo melhor do que a morte. </div>
<div style="text-align: justify;">
assim, levou muitos jovens ao suicídio. </div>
<div style="text-align: justify;">
tendo chegado aos 80 anos da sua vida, perguntaram-lhe por que razão não fazia ele aquilo que pregava. </div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-ckvo2WG1h1I/U-bKusKHAEI/AAAAAAAAB7E/te9b7ylWvlU/s1600/transferir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-ckvo2WG1h1I/U-bKusKHAEI/AAAAAAAAB7E/te9b7ylWvlU/s1600/transferir.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
a resposta não se fez esperar: </div>
<div style="text-align: justify;">
- sou o único grego que pode conduzir os jovens ao prazer delicioso da morte. se morro, ninguém tomará o meu lugar...</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-24251934199794746802014-08-10T02:10:00.001+01:002014-08-10T02:17:28.098+01:00Diógenes e Alexandre<div style="text-align: justify;">
certo dia, Diógenes de Sinope, aquele que empunhava uma lanterna durante o dia porque andava à procura de "um homem" [que vivesse de acordo com a sua essência], encontrou-se com Alexandre Magno, "O Conquistador".</div>
<div style="text-align: justify;">
o grande general, dominado pela grandeza do filósofo, convidou-o a que lhe pedisse o que quisesse, que o seu desejo lhe seria satisfeito.</div>
<div style="text-align: justify;">
o filósofo respondeu-lhe:</div>
<div style="text-align: justify;">
- o meu maior desejo é que saias da minha frente, porque me tiras o sol...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-sb2M_e9Uxek/U-bIGMY0OmI/AAAAAAAAB64/qmbfpDC2s6c/s1600/alexander_diogenes.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-sb2M_e9Uxek/U-bIGMY0OmI/AAAAAAAAB64/qmbfpDC2s6c/s1600/alexander_diogenes.gif" height="250" width="320" /></a></div>
</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-58430272582929148272014-05-23T00:24:00.002+01:002014-05-23T00:25:06.801+01:00o Peixoto<div style="text-align: justify;">
a bem dizer, o peixinho vermelho não é meu, é da minha mais nova.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas como ela só lhe liga para o ter, mais nada, sou eu que lhe dou de comer.</div>
<div style="text-align: justify;">
e até já lhe dei o nome: é o "Peixoto".</div>
<div style="text-align: justify;">
quando não tem fome não me liga nenhuma, anda pelo aquário como se nada fosse.</div>
<div style="text-align: justify;">
não sei se tem pensamentos ou sonhos ou ideias. não faço ideia do que lhe vai na cabeça. sei que se o chamo - "Peixoto!" - ele vem ter comigo e abre a boca como se quisesse falar.</div>
<div style="text-align: justify;">
parece ouvir-me atentamente. se entende ou não, é outra coisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas quando está com fome, se me vê, fica excitado, mexe-se com vigor e determinação, parecendo pedir-me: "dá-me!"</div>
<div style="text-align: justify;">
vou buscar a latinha daquela mistela de asas de insetos e outras porcarias que ele adora, e logo se prepara para a refeição.</div>
<div style="text-align: justify;">
há dois dias que não lhe dava de comer.</div>
<div style="text-align: justify;">
hoje viu-me e ficou doido, pôs-se a fazer piruetas, parafusos e lúpingues. dei-lhe de comer. e continuou a fazer piruetas, parafusos e lúpingues. pensei: "está doido!"</div>
<div style="text-align: justify;">
afastei-me a ver no que dava. o espetáculo terminou.</div>
<div style="text-align: justify;">
era mesmo para mim toda aquela exibição? quem sabe?</div>
<div style="text-align: justify;">
por falar nisso: ele sabe mesmo que se chama "Peixoto", ou é só a maneira, a entoação e o timbre da minha voz?</div>
<div style="text-align: justify;">
vá lá o diabo saber.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas que o "Peixoto" não é um peixe qualquer, isso não é.</div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-78822238790316780502014-05-16T19:51:00.000+01:002014-05-16T19:51:05.054+01:00Maria na ChinaMaria na China<br />
lê poesia<br />
de Camões
e de Sofia<br />
traquina<br />
a Maria<br />
arde sem se ver<br />
entre lições
e fantasia<br />
podia ler<br />
aquele poema<br />
daquela musa suprema:<br />
"ó lua que vais tão alta<br />
redonda como um tamanco<br />
ó Maria, traz cá a escada<br />
que eu não lhe chego c'um banco".<br />
Maria não,<br />
Dona Maria<br />
professora<br />
s'tora,<br />
primeira dama<br />
de Belém e Alfama<br />
e arredores.josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-82173004132133300142014-04-29T19:27:00.000+01:002014-04-29T19:40:23.247+01:00nadaquis fazer um poema<br />
sem tema<br />
e saiu-me um poema<br />
cujo tema<br />
é não ter tema<br />
não se pode falar sobre o nada<br />
porque o nada aparece<br />
como coisa<br />
e onde poisa<br />
tece.josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-58005701685767925542014-04-11T21:28:00.003+01:002014-04-11T22:22:54.743+01:00a APA e as "mental ilnesses"<div style="text-align: justify;">
de uma só penada, a APA (American Psychiatric Association) brindou-nos com duas novidades. a primeira é que o tirar "selfies", fotografias a si próprio através de telemóveis, é uma doença e sendo doença é tratável. a segunda é que o "fundamentalismo religioso" pode vir a ser tratado como doença mental.</div>
<div style="text-align: justify;">
a questão é mais preocupante do que cómica. na verdade,</div>
<div style="text-align: justify;">
poderá o fundamentalismo religioso vir a ser "tratado" como uma doença mental? poder pode. pode é "tratar-se" uma coisa que não é doença.
poderão "outras formas de crenças ideológicas potencialmente prejudiciais para a sociedade" vir a ser tratadas como doenças? poder podem. pode é "tratar-se" coisas que não são doenças.</div>
<div style="text-align: justify;">
poderá a homossexualidade ser "tratada" como uma doença mental? poder pôde, mas já não é doença.</div>
<div style="text-align: justify;">
poderá a mania de tirar "selfies" ser chamada doença mental? pelos vistos pode. APA dixit. diz, está dito.</div>
<div style="text-align: justify;">
estou safo. não preciso de "tratamento", nem de uma "doença" nem de "outras". </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
mas...a psiquiatria no papel de polícia de costumes ou censora oficial? faltava-me essa...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-1waSK5isjcE/U0hQQUCQswI/AAAAAAAABu0/5RI81XkTn6Y/s1600/Fundamentalismo.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-1waSK5isjcE/U0hQQUCQswI/AAAAAAAABu0/5RI81XkTn6Y/s1600/Fundamentalismo.gif" /></a></div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7847256244709841000.post-75308955161574469512013-12-15T22:57:00.000+00:002013-12-15T23:15:29.773+00:00o avô José da Cunha<div style="text-align: justify;">
o avô José da Cunha era um homem engraçado. tinha a testa alta e direita e usava bigode tipo galego, diferente do bigode francês do avô Rodrigues.</div>
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não tenho a mínima ideia dele, tinha 2 anos quando ele morreu, mas o que se conta dele e o que se pode analisar dá para entender alguma coisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
chamava-se apenas "José da Cunha", era um excelente marceneiro, homem de obra grande e resistente. fazia armários que eram autênticas casas. muita da sua mobília ainda hoje subsiste.</div>
<div style="text-align: justify;">
trabalhou bastantes anos no Porto e aí convenceram-no a arranjar um nome sonante, mais afidalgado. não era indicado ter só nome e sobrenome, era melhor ter um nome mais comprido. nesse tempo não havia Registo Civil e podia-se alterar o nome em qualquer altura. e, assim, pôde acrescentar ao "José da Cunha" um sobrenome de família: Fernandes.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas ninguém o conhecia nem por José da Cunha, nem por José da Cunha Fernandes, nem por Fernandes. como era de Guimarães, todos lhe chamavam no Porto o "senhor Guimarães". e vai daí, oficializou o nome por que era conhecido e passou a ser "José da Cunha Fernandes Guimarães". um nome majestoso, como convinha mais ao seu porte.</div>
<div style="text-align: justify;">
tinha outras coisas.</div>
<div style="text-align: justify;">
aos filhos deu nomes começados por A e por E, e apenas um começado por M:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Adelaide</div>
<div style="text-align: justify;">
António</div>
<div style="text-align: justify;">
Arlindo</div>
<div style="text-align: justify;">
Arménio</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Elisa</div>
<div style="text-align: justify;">
Ermelinda</div>
<div style="text-align: justify;">
Etelvina</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Maria</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
diz-se que impunha respeito.</div>
<div style="text-align: justify;">
mas há sempre quem ache que respeito é uma coisa e medo é outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
certo dia, à mesa da ceia, crescia uma algazarra fora dos critérios de tolerabilidade do meu avô Cunha. o qual, com solenidade bastante, terá dito:</div>
<div style="text-align: justify;">
- não quero ouvir nem mais um pio!!</div>
<div style="text-align: justify;">
eis senão quando, se ouve, vinda lá do seu cantinho, a vozinha subversiva da então pequena Ermelinda:</div>
<div style="text-align: justify;">
- piiiuuui....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
risada geral.
dizem que o meu avô, sem perder a compostura, também se riu de vontade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
josé cunha-oliveirahttp://www.blogger.com/profile/04133443803925773868noreply@blogger.com0