segunda-feira, 20 de junho de 2022
a falta de médicos especialistas no SNS
é incrível a falta de médicos especialistas nos hospitais, médicos que devem a sua especialidade aos Orçamentos de Estado.
o Estado gasta o dinheiro e não tem qualquer retorno porque os médicos assim que se acham com a especialidade na mão vão-se embora para a privada ou para o estrangeiro.
ora, enquanto as especialidades forem concedidas e suportadas pelo Estado, é urgentíssimo que aos médicos seja exigido um tempo de serviço no Serviço Nacional de Saúde não inferior aos anos do respetivo treino de especialidade.
ou então liberalize-se a obtenção da especialidade em serviços privados idóneos e os candidatos que paguem a despesa.
assim como está é o Estado que perde duas vezes. e sem resultado nenhum.
bom, mas é claro que os recém especialistas deverão poder sair quando e para onde lhes apetecer, mas, em minha opinião, deveriam primeiro ter de compensar o SNS com a respetiva indemnização pelo esforço financeiro da sua formação.
a alternativa é o SNS desaparecer do mapa.
quinta-feira, 15 de abril de 2021
a Coelima
a Coelima (de Albano Coelho Lima), em Pevidém, São Jorge de Selho, Guimarães, era, na minha juventude, o exemplo da indústria mais moderna e da administração mais favorável aos trabalhadores, na base da doutrina política da Democracia Cristã.
os trabalhadores da Coelima, pelos seus privilégios, faziam inveja a todos os outros trabalhadores, funcionários públicos incluídos. era a maior empresa têxtil do país e, há quem diga, do mundo.
a pouco mais de um quilómetro de minha casa, era a realização dos sonhos dos proletários, rapidamente impelidos para a classe média, com direto a comprar carro e tudo.
tinham, além do mais, acesso a um hipermercado próprio, com preços muito abaixo dos preços de mercado da época. olhavam com superioridade e desdém as outras classes, incluindo as classes até aí “superiores” à sua.
mais tarde, a Coelima dava-se ao luxo de ter uma equipa própria de ciclismo.
ruiu, escangalhou-se.
nada dura para sempre.
(outras Coelimas virão).
domingo, 11 de abril de 2021
a "petição"
corre por aí uma pwtição imunda, que me faz ter vergonha de ser português. nunca batemos tão no fundo.
petição contra o juiz? já só faltava esta.
ou é a morte das "petições" ou estamos tramados.
se a justiça é isto, se a justiça é o julgamento antes do julgamento, não é preciso justiça pra nada.
que acabe de vez esta doença das petições. urgente.
o julgamento do futuro
ospopulistas não entenderam uma coisa básica: pela via da corrupção não se vai a lado nenhum, é terreno pantanoso e inconclusivo. ponto.
é a questão dos grandes padrinhos da Máfia americana, em que nunca é possível provar nada, servindo-se as autoridades judiciais de crimes menores, onde são apanhados os padrinhos, para os levar à cadeia.
foi o que fez o juiz Dr. Ivo Rosa.
fez o que lhe era possível fazer, indiciar os arguidos do chamado "Caso Marquês" por crimes secundários.
falta o julgamento. se o juizo for de culpa, os arguidos vão para a cadeia. e não vão poucos anos.
mas se o juiz alinhasse no terreno pantanoso da "corrupção", as chances dos arguidos escaparem à justiça era imensamente maior.
grande juiz. que ainda se dá ao luxo de chamar corruptos aos arguidos. com todas as letras.
sábado, 5 de outubro de 2019
Itaguaí
Itaguaí,
que na língua dos índios tupi-guarani significa “baía das pedras barrentas”, é
uma cidade do Estado do Rio de Janeiro, situada a cerca de 70 quilómetros da
capital estadual.
não
sei se é a mesma Itaguaí de que nos fala Machado de Assis, no seu livro “O
Alienista”, mas pode bem ser, pois que o autor faz a esposa da principal
personagem viajar ida e volta ao Rio de Janeiro numa viagem de alguns dias, em
pleno séc. XIX.
seja
como for, toda a trama da pequena novela se passa na cidade de Itaguaí, cidadezinha arrumada onde tudo funcionava sem incidentes de maior, até lá
chegar Simão Bacamarte, alienista de profissão, ou, como diríamos hoje, médico
psiquiatra. Bacamarte
chega enfeitado com os melhores títulos da universidade de Coimbra e toda a
gente na cidade lhe reconhece o prestígio.
entre
os mais relevantes munícipes da cidade destaca-se o boticário (ou
farmacêutico), o padre, a mulher do alienista, a mulher do boticário, os dois
barbeiros rivais, os vereadores Freitas e Galvão.
Personagens principais:
alienista
– Simão Bacamarte
padre
Lopes
boticário
– Crispim Soares
prefeito
louco
- licenciado Garcia
juiz
de fora
advogado
Salustiano
1º barbeiro – Porfírio ou “Canjica” – Porfírio Caetano das Neves
2º barbeiro – João Pina
albardeiro
- Mateus
herdeiro
Costa
Costa
Coelho
José
Borges
Gil
Bernardes
Couto
Leme
estudante
– Martim Brito
vereador
Sebastião Freitas
vereador
Galvão
esposa
de Simão Bacamarte – Dona Evarista
esposa
do Boticário – Dona Cesária
uma
vez empossado da licença, Simão Bacamarte logo começou a construir um casarão
com janelas verdes. como era a única casa com janelas verdes naquela cidade,
ficou logo conhecida por Casa Verde.
Simão
Bacamarte começou então a recolher pessoas que ele classificava como loucas.
de todas as vilas e lugares vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação, sendo que o Alienista ia aumentando o tamanho das instalações.
de todas as vilas e lugares vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação, sendo que o Alienista ia aumentando o tamanho das instalações.
o problema teve início quando, depois dos vagabundos, delirantes e alucinados de
todos os lugares, Simão Bacamarte começou a recolher na Casa Verde pessoas
estimáveis e importantes da cidade, como o albardeiro Mateus, o Costa, o
Coelho, o José Borges, o Gil Bernardes, o Couto Leme, o estudante Martim Brito,
o Prefeito da cidade, acabando na própria esposa, a Dona Evarista.
a cidade revolta-se, sob a chefia do barbeiro Porfírio, também conhecido por
“Canjica”, tomando a revolta o nome de “revolta dos canjicas”.
depois
do êxito inicial, o barbeiro Porfírio Caetano das Neves torna-se o “Protetor da
Vila em nome de Sua Majestade e do Povo”. porém, a revolta é dominada e
Porfírio é internado na Casa Verde.
nova
revolta, desta vez chefiada pelo barbeiro João Pina, acaba da mesma maneira.
chegou-se
a um ponto em que quatro quintos da população de Itaguaí estavam instalados na
Casa Verde.
Simão
Bacamarte faz, então uma observação estatística: se há muito mais gente louca
que normal, então é porque ele tem visto o problema ao contrário, quer dizer, o
normal é ter algum desvio de pensamento ou de comportamento e o que é
patológico é só ter qualidades boas.
dá
alta a todos os internados por “loucura”.
Itaguaí
regressa à calma anterior e tudo volta à normalidade.
o alienista passa, então a internar na Casa Verde todas as pessoas de boas
qualidades, que se achassem no perfeito equilíbrio das faculdades mentais, distribuindo-as
pela sua principal caraterística.
pelo sim pelo não, os vereadores conseguem aprovar uma cláusula segundo a qual nenhum deles poderia ser recolhido no asilo de alienados. o vereador Galvão reclamou dessa exceção, pois que nem todos os vereadores eram bons da cabeça, e logo foi internado. os restantes vereadores escaparam, dado que, para Simão Bacamarte, era óbvio que não tinham o juízo todo.
pelo sim pelo não, os vereadores conseguem aprovar uma cláusula segundo a qual nenhum deles poderia ser recolhido no asilo de alienados. o vereador Galvão reclamou dessa exceção, pois que nem todos os vereadores eram bons da cabeça, e logo foi internado. os restantes vereadores escaparam, dado que, para Simão Bacamarte, era óbvio que não tinham o juízo todo.
deu-se
então início ao tratamento dos novos hóspedes: os modestos, os tolerantes, os
verdadeiros, os simples, os leais, os magnânimos, os sagazes, os sinceros, e
assim por diante.
o tratamento consistia em atacar de frente a qualidade predominante de cada
internado, tentando obter orgulho e vaidade nos modestos, por exemplo. o
resultado foi que ao fim de cinco meses e meio estavam todos curados e a Casa Verde ficou vazia.
mas
o alienista não ficou contente com o seu êxito terapêutico, antes ficou
preocupado: toda essa gente curada estaria realmente doida, ou aquilo que
pareceu cura não era mais que o perfeito desequilíbrio do cérebro? na verdade,
a cura não passava de pôr a nu um sentimento ou uma faculdade que já existiam
na pessoa, ainda que em estado latente. moral da estória: não havia loucos em
Itaguaí. Itaguaí não possuía um único cérebro concertado.
quem
teria, pois, em si mesmo, todas as caraterísticas do perfeito equilíbrio mental
e moral, a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a veracidade,
o vigor moral, a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um
rematado mentecapto?
querem
mesmo saber? leiam o livrinho...
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
a violência doméstica
a mulher foi para longe uns tempos, numa de cooperação internacional.
soube-se, depois, que não fez cooperação sozinha, levou o amante com ela.
enquanto isso, o pai ficou em casa com os filhos.
quando a mulher regressou da sua epopeia, pediu o divórcio.
a senhora queria ficar com os filhos, mas os filhos não queriam ir com ela.
um belo dia, estava ela a querer enfiar os miúdos no carro à força.
mas eles não queriam ir.
pediu a quem estava a ver que chamasse a polícia, porque, dizia ela em altos gritos, o pai não deixava os filhos ir com ela.
ninguém lhe ligou. o pai nem sequer estava ali.
e assim se entende um caso flagrantíssimo de violência doméstica.
enquanto isso, o pai ficou em casa com os filhos.
quando a mulher regressou da sua epopeia, pediu o divórcio.
a senhora queria ficar com os filhos, mas os filhos não queriam ir com ela.
um belo dia, estava ela a querer enfiar os miúdos no carro à força.
mas eles não queriam ir.
pediu a quem estava a ver que chamasse a polícia, porque, dizia ela em altos gritos, o pai não deixava os filhos ir com ela.
ninguém lhe ligou. o pai nem sequer estava ali.
e assim se entende um caso flagrantíssimo de violência doméstica.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
o "julgamento"
decorre em Madrid o "julgamento" dos presos políticos catalães.
invejo a serenidade e a elevação com que os políticos catalães respondem a quem os interpela.
mas sempre digo que os presos políticos catalães deveriam falar em catalão e nunca em
castelhano.
o que provocaria uma de duas coisas: ou inviabilizavam o
julgamento, por ninguém reconhecer a língua do outro, ou obrigariam o
tribunal a servir-se de tradutores. e ficava claro que uma nação estava a
julgar a outra.
assim, de algum modo, e talvez inadvertidamente, os presos políticos catalães estão a reconhecer a soberania espanhola.
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