Itaguaí,
que na língua dos índios tupi-guarani significa “baía das pedras barrentas”, é
uma cidade do Estado do Rio de Janeiro, situada a cerca de 70 quilómetros da
capital estadual.
não
sei se é a mesma Itaguaí de que nos fala Machado de Assis, no seu livro “O
Alienista”, mas pode bem ser, pois que o autor faz a esposa da principal
personagem viajar ida e volta ao Rio de Janeiro numa viagem de alguns dias, em
pleno séc. XIX.
seja
como for, toda a trama da pequena novela se passa na cidade de Itaguaí, cidadezinha arrumada onde tudo funcionava sem incidentes de maior, até lá
chegar Simão Bacamarte, alienista de profissão, ou, como diríamos hoje, médico
psiquiatra. Bacamarte
chega enfeitado com os melhores títulos da universidade de Coimbra e toda a
gente na cidade lhe reconhece o prestígio.
entre
os mais relevantes munícipes da cidade destaca-se o boticário (ou
farmacêutico), o padre, a mulher do alienista, a mulher do boticário, os dois
barbeiros rivais, os vereadores Freitas e Galvão.
Personagens principais:
alienista
– Simão Bacamarte
padre
Lopes
boticário
– Crispim Soares
prefeito
louco
- licenciado Garcia
juiz
de fora
advogado
Salustiano
1º barbeiro – Porfírio ou “Canjica” – Porfírio Caetano das Neves
2º barbeiro – João Pina
albardeiro
- Mateus
herdeiro
Costa
Costa
Coelho
José
Borges
Gil
Bernardes
Couto
Leme
estudante
– Martim Brito
vereador
Sebastião Freitas
vereador
Galvão
esposa
de Simão Bacamarte – Dona Evarista
esposa
do Boticário – Dona Cesária
uma
vez empossado da licença, Simão Bacamarte logo começou a construir um casarão
com janelas verdes. como era a única casa com janelas verdes naquela cidade,
ficou logo conhecida por Casa Verde.
Simão
Bacamarte começou então a recolher pessoas que ele classificava como loucas.
de todas as vilas e lugares vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação, sendo que o Alienista ia aumentando o tamanho das instalações.
de todas as vilas e lugares vizinhos afluíam loucos à Casa Verde. ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação, sendo que o Alienista ia aumentando o tamanho das instalações.
o problema teve início quando, depois dos vagabundos, delirantes e alucinados de
todos os lugares, Simão Bacamarte começou a recolher na Casa Verde pessoas
estimáveis e importantes da cidade, como o albardeiro Mateus, o Costa, o
Coelho, o José Borges, o Gil Bernardes, o Couto Leme, o estudante Martim Brito,
o Prefeito da cidade, acabando na própria esposa, a Dona Evarista.
a cidade revolta-se, sob a chefia do barbeiro Porfírio, também conhecido por
“Canjica”, tomando a revolta o nome de “revolta dos canjicas”.
depois
do êxito inicial, o barbeiro Porfírio Caetano das Neves torna-se o “Protetor da
Vila em nome de Sua Majestade e do Povo”. porém, a revolta é dominada e
Porfírio é internado na Casa Verde.
nova
revolta, desta vez chefiada pelo barbeiro João Pina, acaba da mesma maneira.
chegou-se
a um ponto em que quatro quintos da população de Itaguaí estavam instalados na
Casa Verde.
Simão
Bacamarte faz, então uma observação estatística: se há muito mais gente louca
que normal, então é porque ele tem visto o problema ao contrário, quer dizer, o
normal é ter algum desvio de pensamento ou de comportamento e o que é
patológico é só ter qualidades boas.
dá
alta a todos os internados por “loucura”.
Itaguaí
regressa à calma anterior e tudo volta à normalidade.
o alienista passa, então a internar na Casa Verde todas as pessoas de boas
qualidades, que se achassem no perfeito equilíbrio das faculdades mentais, distribuindo-as
pela sua principal caraterística.
pelo sim pelo não, os vereadores conseguem aprovar uma cláusula segundo a qual nenhum deles poderia ser recolhido no asilo de alienados. o vereador Galvão reclamou dessa exceção, pois que nem todos os vereadores eram bons da cabeça, e logo foi internado. os restantes vereadores escaparam, dado que, para Simão Bacamarte, era óbvio que não tinham o juízo todo.
pelo sim pelo não, os vereadores conseguem aprovar uma cláusula segundo a qual nenhum deles poderia ser recolhido no asilo de alienados. o vereador Galvão reclamou dessa exceção, pois que nem todos os vereadores eram bons da cabeça, e logo foi internado. os restantes vereadores escaparam, dado que, para Simão Bacamarte, era óbvio que não tinham o juízo todo.
deu-se
então início ao tratamento dos novos hóspedes: os modestos, os tolerantes, os
verdadeiros, os simples, os leais, os magnânimos, os sagazes, os sinceros, e
assim por diante.
o tratamento consistia em atacar de frente a qualidade predominante de cada
internado, tentando obter orgulho e vaidade nos modestos, por exemplo. o
resultado foi que ao fim de cinco meses e meio estavam todos curados e a Casa Verde ficou vazia.
mas
o alienista não ficou contente com o seu êxito terapêutico, antes ficou
preocupado: toda essa gente curada estaria realmente doida, ou aquilo que
pareceu cura não era mais que o perfeito desequilíbrio do cérebro? na verdade,
a cura não passava de pôr a nu um sentimento ou uma faculdade que já existiam
na pessoa, ainda que em estado latente. moral da estória: não havia loucos em
Itaguaí. Itaguaí não possuía um único cérebro concertado.
quem
teria, pois, em si mesmo, todas as caraterísticas do perfeito equilíbrio mental
e moral, a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a veracidade,
o vigor moral, a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um
rematado mentecapto?
querem
mesmo saber? leiam o livrinho...