segunda-feira, 16 de novembro de 2009

corrupção e parolice

assistimos, nos últimos tempos, a uma confusão desastrada entre corrupção e atividade económica. o simples pronunciar da palavra "negócio" é produzido de uma forma subliminar de censura, como se um "negócio" fosse coisa condenável. o mesmo se passa com o acesso a "informação privilegiada", o lobbying e o "tráfico de influências". vê-se bem que ainda não saimos do estadio primário da ruralidade de subsistência, onde a corrupção, segundo esses critérios, nem sequer pode existir. um grande empresário, um grande investidor bem intencionado, afinal de contas aquele que dá esplendor e grandeza a uma economia, nom pode exercer a sua atividade sem um conjunto de pressupostos. um deles é o acesso à "informação privilegiada". seria um desastre que ele estabelecesse a sua empresa, as suas fábricas no local errado. por isso, ter acesso a tempo e horas à "informação privilegiada" que o leve a situar a sua empresa no melhor local parece-me do mais elementar bom senso. o mesmo se passa com o "lobbying" e o "tráfico de influências". ultrapassar burocracias infindas, entraves infinitos, descasos e negligências do aparelho administrativo e das vontades políticas, também me parece sensato. de outro modo, a economia não funciona. isto é assim em todo o mundo desenvolvido. mas não aqui, onde saimos há pouco tempo da idade média rural.
é claro que sou contra a corrupção. é claro que sou contra os que pagam e recebem benesses para ludibriar, enganar, prejudicar os clientes e o estado. para enriquecer mais do que permitiria o limpo e claro desenvolvimento da atividade. mas não confundo "corrupção" com "acesso a informação privilegiada", "lobbying" e "tráfico de influências". porque essa confusão nos conduz a um beco sem saída. e nos devolve, em troca, a nossa incorrigível parolice.

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