quinta-feira, 20 de outubro de 2011

estamos cada vez mais inteligentes?

um estudo canadiano recente afirma que o ser humano está cada vez mais inteligente. tenho as minhas dúvidas. sobretudo acho essa afirmação muito arriscada. se excluirmos o recurso ao espiritismo, não vejo como se compara o QI do meu tataravô com o do meu trisavô, do meu bisavô, do meu avô, do meu pai e o meu. o único que está disponível é o meu. por outro lado, de todos os grandes génios da Humanidade não conheço um único que tivesse um filho e um neto mais genial que ele. outros nem filhos tiveram. os testes de QI medem o quê: a inteligência ou a conformidade com o padrão tecnológico e de informação disponível no momento? a inferência de que as gerações respondem cada vez melhor a testes de QI cada vez mais recentes, logo são mais inteligentes, é tão válida como a inferência de que as gerações responderiam cada vez pior a testes de inteligência cada vez mais antigos, logo são mais estúpidas. possivelmente, um arquiteto das pirâmides ficaria largamente confuso na presença de um veículo espacial. mas o homem moderno também fica abismado ante a construção das pirâmides egípcias.

é verdade, estamos a ficar cada vez mais inteligentes. e eu estou a ficar tão inteligente que já nem me consigo compreender.



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

somos todos contra os ricos

imaginemos um país de 10 milhões de habitantes em que 5 milhões são muito pobres. um rico dos ricos resolve doar 1 milhão de euros, a dividir por todos os pobres do país. cada um dos pobrezinhos receberia, portanto, 20 cêntimos. imaginamos que havia 10 ricos dos ricos, e não apenas um. e imaginemos que tinham, cada um, 1 milhão para distribuir pelos 5 milhões de pobres. cada pobre receberia, portanto, 2 euros. imaginemos que não eram 10, mas 1000. receberia cada pobre 200 euros. mas se fossem 10 000 ricos dos ricos, cada pobre receberia, com o mesmo contributo individual de cada rico dos ricos, 2000 euros.
agora imaginemos tudo ao contrário: que o país tinha 10 mil ricos dos ricos, mas passou a ter apenas 1000 e depois apenas 100 e depois apenas 10 e, finalmente, apenas 1. até serem todos pobres muito pobres. orgulhosamente iguais.