domingo, 6 de janeiro de 2013

e por falar em "mito"...


esta palavra tão maltratada pelos "especialistas" de que falava Fernando Pessoa, perdão, Álvaro de Campos, tem uma origem nobre. é parente do termo técnico médico "miose", que significa "pupilas retraidas, ou fechadas". ambos os termos derivam do verbo grego "mýein" ("fechar os olhos") e refere-se a um saber que é recebido com os "olhos fechados", comunicado em segredo, portanto. 
deste modo, o significado do "mito" só é acessível aos iniciados. aos não iniciados é-lhes oferecida uma estória que contém, oculto, o significado mais profundo do mito, mas simultaneamente tem tantos níveis de significação quantos estiverem ao alcance da imaginação e da inteligência de quem o ouve ou lê. 
o número restrito de iniciados nos mitos, e a incomunicabilidade do seu conteúdo por outra forma que não seja a iniciação, promove a vulgarização dos conteúdos acessórios, que se degradam em estorietas ridicularizadas pelos "especialistas" de que falava Álvaro de Campos, perdão, Fernando Pessoa. 
e, assim, a palavra "mito", no senso comum de hoje em dia, ganhou a conotação de estória sem sentido, conto, disparate, ideia errada, lenda, invenção, falsidade.
e não é o "mito" que está errado. é quem assim pensa.

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