quinta-feira, 11 de junho de 2015

a construção de uma lenda

a publicação na íntegra do interrogatório de Sócrates para revisão da medida de coação é o último dos sinais da bandalheira a que chegou a Justiça em Portugal. 
se é para obter a condenação por falta de provas, se é para castigar porque sim, temos justiça caseira, justiça à moda dos autos-de-fé; 
se é para alimentar o sensacionalismo, temos de saber quem recolhe os lucros e porquê. 
uma coisa parece certa: para fazer justiça não será. 


e o que era preciso era que não houvesse qualquer dúvida, quer em matéria de provas quer em matéria de procedimentos. que não houvesse um tratamento privilegiado de certos jornalistas em relação a outros, levando boa gente a pensar que certas notícias são obtidas em condições pessoalmente especiais. 
e, acima de tudo, que não se tratasse um homem pior do que se trata todos os outros apenas por ser político e ser uma pessoa para queimar na praça pública. 
posso preocupar-me. amanhã pode ser comigo ou com qualquer amigo meu. ninguém pode sentir-se a salvo com esta justiça ou lá que é. 
e para dizer tudo o que me vai na alma, talvez não seja inteligente levar um homem para onde ele quer que o levem: para o terreno da lenda.

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