quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

euskadi ta askatasuna

este lema, que se traduz por "nação basca e liberdade", é a descodificação da sigla ETA, fácil sinónimo de barbaridade e falta de respeito pela vida humana.
quem já passou por Euskadi dá-se rapidamente conta de que o espírito de independência e orgulho nacional está lá, em cada esquina. os símbolos do Governo e das estruturas administrativas e políticas saltam à vista. dizem-nos eles, os bascos, com indisfarçável orgulho, que não pagam impostos a Madrid, falam-nos de Gernika como um símbolo de auto-governo que vem das profundezas do tempo. já quase não se entende por que razão os bascos ainda vêm no mapa como cidadãos de Espanha.
o lehendakari, "o primeiro de todos", o presidente basco, apenas espera o momento oportuno para levar a cabo um referendo de independência, que, compreende-se, é considerado "ilegal" pelos unionistas de Madrid. como se isso contasse muito para quem quer ser independente.
percebe-se melhor por que tanto o Governo basco como a sua erzainza ("polícia". à letra: guardadores de rebanhos, pastores de cabras e ovelhas ) fazem vista grossa às atividades da ETA e simultaneamente a desprezam.
a ETA passou à História, é desnecessária, é mesmo até um estorvo. porque a independência já é possível sem ela.
além do mais, a ETA, como organização marxista-leninista, dificilmente terá lugar num futuro Governo Nacional Basco, que, certamente, lutará por um lugar de paridade no concerto das nações livres e democráticas. e da União Europeia, obviamente.
mas, ao mesmo tempo, a atividade da ETA tem o dramatismo e o poder aterrador suficiente para manter Madrid ciente de que tem um problema a resolver: a independência de Euskadi e, com ela, a eliminação definitiva da ETA e do seu efeito de papão. a verdade é que nenhuma independência se fez sem sangue, nenhum panteão de heróis e patriotas se fez sem a perda de vidas. mas a história da ETA, neste momento, já constitui um estorvo aos independentistas de direita, do centro e da esquerda que jogam o jogo democrático.
se a ETA ainda mexe, a culpa é de quem não entende que Euskadi (o País Basco) já não tem travão possível como nação independente. e de quem faz alarde de vitórias antecipadas que, afinal, não são vitórias nem sequer empates.
venha daí o referendo basco e o fim da ETA.

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