domingo, 14 de fevereiro de 2010

a mulher de César.

o nível da política portuguesa desceu abruptamente de há uns anos para cá. tão abruptamente que começa a ser vomitivo deitar o canto do olho aos jornais diários, aos semanários, aos telejornais e ouvir os noticiários da rádio. cada dia que passa, novo escândalo ou novo pseudo-escândalo, novo polvo ou novo pseudo-polvo, nova tramoia ou nova pseudo-tramoia. os intervenientes são a fina flor da nossa política, da nossa justiça, da nossa finança, dos nossos negócios, da nossa elite. pode dizer-se, ou pode-se pensar, que a culpa é dos jornais, das rádios e das televisões, que já não vão lá sem escândalos, sem títulos de arromba, sem chamarizes que façam tirar-nos da modorra para os ler ou ouvir. e é verdade: a nossa imprensa nunca viveu tão mal que tivesse que ir, como vai agora, comer aos contentores do lixo. e há quem goste. mas a verdade é que a imprensa tem casos ou pseudo-casos porque os ocupantes dos lugares cimeiros não têm a reserva, o recato e a decência para evitarem conversas coloquiais, que nem por serem privadas deixam de ser o que são: impróprias para ocupantes daqueles lugares cimeiros.
a democracia deve ser o regime da igualdade de oportunidades, mas não pode ser o regime da banalidade instalada, da mediocridade, da tomada do poder por quem não tem merecimento nem categoria para o exercer. fala-se cada vez mais nos ordenados dos políticos e há sempre gente disposta a criticá-los e a diminuí-los. o dia a dia está a demonstrar que os verdadeiramente grandes e verdadeiramente capazes não estão para a maçada de ocupar lugares cimeiros a troco do que pagam a quem os exerce. o resultado está aí. as pessoas podem ser sérias, como a mulher de César. mas não têm a categoria necessária para o fazerem parecer.

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