sábado, 10 de abril de 2010

maus tempos para a Igreja Católica

não tenho a intenção absurda de ofender os católicos, entre os quais contei os meus próprios pais. quero apenas desabafar aqui a minha enorme deceção e ceticismo sobre o poder da Igreja Católica de nos elevar, hoje em dia, até às alturas da experiência mística ou, sequer, de nos alimentar qualquer réstia de sentimento religioso. a eleição de Bento XVI foi manifestamente um erro. e das duas uma: ou ela foi inspirada pelo Espírito Santo e temos então de reconhecer que o Espírito Santo errou, como qualquer outro espírito, ou a eleição foi obra de umas dezenas de cardeais e estes erraram. não se trata da pessoa de Joseph Ratzinger, uma personalidade intelectual acima de qualquer dúvida, um percurso de vida acima de qualquer paralelo. o problema é que a pessoa de Ratzinger tem sido alvo de enorme violência e má fé, por aquele tipo de escrutínio muito em voga, que se atém à letra das palavras sem olhar ao seu contexto. a primeira vulnerabilidade é Ratzinger ser alemão e velho, logo vulnerável à estúpida acusação de nazismo, como se os idiotas que o acusam tivessem, em igualdade de circunstâncias, professado um antinazismo congénito; a segunda é conotá-lo com a Santa Inquisição do Renascimento, como se a Congregação para a Doutrina da Fé, pelo facto de suceder à dita Santa Inquisição, fosse a mesma coisa que ela; a terceira, coisa também muito em voga, é arvorar um justicialismo absurdo e arrogante sobre a questão sexual dos padres, como se, em igualdade de circunstâncias, os justiceiros de agora tivessem tido outra atitude que não fosse a de uma sábia prudência e recato. isto sem falar do molho de bróculos e de mal entendidos que constitui aquilo a que se chama vulgarmente "pedofilia".
o Espírito Santo era obrigado a adivinhar estas coisas. e os cardeais, na falta Dele, eram obrigados a ter previsto este triste sinal dos tempos.
os críticos do Papa não falam assim para tornar o mundo mais justo nem mais moral, pelo contrário: criticam o Papa para tornar o mundo mais "liberal" e sem regras.
por agora, já só resta que a Igreja reconheça a sexualidade como uma dimensão dos padres, dos bispos, dos cardeais e do próprio Papa. uma sexualidade à luz da moral da própria Igreja, já se vê. não sei é se irá a tempo de travar a derrocada.

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