quarta-feira, 7 de maio de 2008

quatro mil contra o quê?

diz-se que corre por aí uma recolha de assinaturas contra o Acordo Ortográfico. e que já recolheu quatro mil assinaturas. pasmo:

- são quatro mil que acham que um Acordo Ortográfico vai mudar a maneira de falar,
- são quatro mil que pensam que se vai escrever "fato" em lugar de "facto",
- são quatro mil que julgam que o Acordo Ortográfico obriga a dizer "ônibus" em lugar de "autocarro", ou "celular" em lugar de "telemóvel",
- são quatro mil que julgam que a Língua Portuguesa é propriedade deles,
- são quatro mil analfabetos culturais que, na sua maioria, nem escrever sabem pela norma cessante,
- são quatro mil ignorantes,
- são quatro mil tristes.

perdão:
- são meia dúzia de pedantes,
- são meia dúzia de pequenos empresários livreiros com medo do Universo da Língua Portuguesa,
- são meia dúzia de atrasos de vida de que o país prescinderia com vantagem,

mas que estão dispostos a pôr o diabo em tribunal e deus na inquisição.

o pior é que se o Acordo Ortográfico falhar, falhamos todos nós: aqueles que assinam a recolha de assinaturas e a esmagadora maioria do País que não assinou coisa nenhuma.

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nota posterior, em 17/05:
afinal, não foram só quatro mil. foram trinta e três mil. a mesma meia dúzia de pedantes e pequenos empresários livreiros, com mais uns quantos basbaques para fazer a conta final. um folclore patético e parolo.
felizmente, o Acordo Ortográfico passou no Parlamento com uma folgada maioria e os votos contra dos patrioteiros do costume.
agora já posso dizer: a minha pena é que o Acordo seja tão minimalista.

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