domingo, 5 de outubro de 2008

e=mc2

a equação pode não ser definitiva, pode faltar-lhe uma constante desconhecida em situações extremas, pode ser apenas uma aproximação, mas é palavra de sábio.
diz-nos que matéria e energia são dois pólos de uma realidade comum, regida por uma relação matemática. a energia "arrefecida" coalha em massa, da massa "aquecida" emana energia.
aqui não há princípio nem fim, não há momento fundador, a criação não existe. há só uma eternidade irrequieta, bulindo-se a si mesma, composta de mudança, tomando sempre novas qualidades.
só para nós, que estamos no centro observável da mudança que nos é dado ver, existe fim e princípio e princípio e fim.
nenhum big-bang, nenhuma palavra de deus é mais do que um dos inúmeros "princípios" e "fins" de uma eternidade buliçosa, que procuramos conter nas jaulas de que é feita a nossa linguagem.
passamos a vida a dizer o mesmo com palavras diferentes, cometendo sempre os mesmos erros lógicos: "não pode haver nada sem uma causa, logo a causa última de todas as coisas é uma causa sem causa, o big-bang, ou deus, ou a emanação de um mega-universo de onde é parido o universo que nos é dado conhecer". mas como explicar, então, o big-bang, deus, ou o mega-universo de onde deriva o universo conhecido? que significam as palavras com que dizemos as coisas?
e o engraçado disto tudo é haver leis que existem simplesmente por existir matéria e energia numa proporção matemática.
não há princípio nem fim, só há eternidade. não há deus que não seja haver tudo o que existe com as leis que tem.

é para deus que não é deus,
é para tudo o que existe com as leis que tem,
que dirijo o meu deslumbramento, a minha adoração
e o meu respeito,
ó natureza-mãe!


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