quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

o aerotorto

vai em dez anos, mais coisa menos coisa, que se fala da construção do novo aeroporto de Lisboa. numa casa séria, já a ordem de o fazer tinha sido dada, já os aviões aterravam, já a gente sabia o caminho para lá, enfim, já o novo aeroporto era quase velho. aqui não. o novo aeroporto nem sequer é novo ainda. nem sequer se sabe onde vai ser. opina o pai e a mãe e o tio e o padre e a sopeira, e o afilhado do padre e o filho da sopeira, e enquanto toda a gente competente opina e enquanto opina a gente in-competente, o novo aeroporto continua novo, novissimo, ou seja, por fazer. é coisa única, nossa, portuguesa de gema. eu achava até que o problema é a falta de dinheiro. porque enquanto 9 milhões e meio de portugueses opinam sobre o novo aeroporto, não gastamos um tostão a construí-lo. já tinha visto esse filme em qualquer lado... nã, mas não me comem as papas na cabeça. não é só isso que está em causa.
é que, eis senão quando, o aeroporto aterra onde o diabo não se lembraria de pensar. a população portuguesa, na sua grande maioria de dois terços ou mais, reside a norte do Tejo. logo, manda a lógica mais pura, faz-se o aeroporto a sul do Tejo. nós, os galegos, precisamos é de viajar, de gastar pneus e gasolina, de pagar portagens, de contribuir com os nossos passeios forçados para o povoamento do Alentejo e arredores. o nosso aeroporto, o aeroporto dos portugueses propriamente ditos é o aeroporto do Porto. chega muito bem.
outro aeroporto a norte de Lisboa seria uma aberração, a perpetuação irresponsável de uma lógica demográfica com milénios de história. a sul do Tejo é que está bem. que até já lá tem o aeroporto do Algarve.
e dizem que fica mais barato. que é mais fácil de fazer, que dá menos trabalho. e quem achar que fica longe e por caminho torto que se mude ou vá de carro ou de avião. pois claro. estou nessa.
e, já agora, por que não fazem o novo aeroporto de Lisboa em Porto Santo? é uma ilha pequena, plana, onde cabe na perfeição um grande aeroporto e pêras. não está perto de nada, nem longe que não se vá numa hora de avião. fica mais barato ainda, não implica a construção de pontes nem acessos, e permite a ida à praia entre dois voos de escala. tem um clima constante, não fica muito mais longe da população portuguesa que mora a norte do Tejo, nem favorece escandalosamente a grande indústria e os grandes exportadores da Península de Setúbal.
que é que querem? toda a gente em Portugal pode dizer o que lhe vem à cabeça sobre o novo aeroporto. por que não haveria eu de poder também?

ps: estou com aqueles que defendem a manutenção e alargamento do Aeroporto da Portela. de uma assentada, resolvia-se dois enormes problemas: botava-se Lisboa abaixo e ficávamos com um aeroporto em condições.

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