quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

o consumo de drogas nas prisões

uma alta figura do IDT veio a terreiro admitir que nas nossas prisões é um vale-tudo: as famílias dos presos levam droga, a droga circula lá dentro com o maior dos à-vontades, todo o mundo trafica, todo o mundo é cúmplice, enfim, uma negociata das antigas. logo - esclarece -, o que há a fazer é instituir "salas de chuto". nem uma palavra sobre o que fazer para pôr termo à situação dentro das nossas cadeias, sei lá, reformular o sistema de penas, reformar as nossas prisões, rever as cadeias hierárquicas, investigar a atividade dos guardas prisionais, tornar a vida mais difícil a quem trafica. nada disso. o remédio é, apenas, baixar os braços e criar "salas de injeção assistida", vulgo "salas de chuto".
pois muito bem: se estivesse em marcha uma reforma profunda do nosso sistema penal e prisional, se estivesse pensada uma nova hierarquia dentro das cadeias, se estivesse em curso uma devassa sobre o sistema de cumplicidades que vive da droga e de outras necessidades dos reclusos, eu admitiria que, ao mesmo tempo, se instituisse "salas de chuto", como forma de minimizar riscos e reduzir danos nos toxicodependentes reclusos.
mas só isso e não fazer mais nada, sou contra. é uma hipocrisia parasita, uma mera colaboração do Estado num status quo que ele mesmo tem por incumbência combater.
afinal, as prisões são instituições criadas para redimir pessoas que violaram as leis, ou são instituições onde se viola a lei à grande e à francesa e se enriquece do dia para a noite num sistema fechado de economias paralelas?
começo a perceber tanta determinação da parte do Estado na luta antitabágica. o tabaco não enriquece ninguém. a luta contra o fumo dá nas vistas e faz muito barulho. sempre parece que se faz alguma coisa. os tontos são fáceis de enganar com todo o aparato das leis contra o tabaco. entretanto, onde é necessário que se faça alguma coisa, o Estado está derrotado, de cócoras.

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